Via Sacra














A Via-Sacra segundo os Evangelhos
O Santo Padre João Paulo II introduziu nova seqüência das cenas na Via Sacra que promove no Coliseu, em Roma, optando pelas narrações dos Evangelistas. É esta sucessão que estamos propondo aqui, com as próprias palavras da Sagrada Escritura.
As novas Estações são:
1. Jesus ora no Horto de Getsêmani, Monte das Oliveiras
Mt 26,36-46; Mc 14,32; Lc 22,39; Jo 18,1
2. Jesus, traído por Judas, é aprisionado
Mt 26,47-56; Mc 14,43; Lc 22,47; Jo 18,2
3. A condenação de Jesus perante o Sinédrio
Mt 26,57-66; Mc 14,53; Lc 22,54; Jo 18,19
4. As negações do Apóstolo Pedro
Mt 26,69-75; Mc 14,66; Lc 22,55; Jo 18,15
5. Jesus entregue a Pilatos
Jo 18,28; Mt 27,11; Mc 15,2; Lc 23,2
6. A flagelação e a coroação de espinhos de Jesus. Ludíbrio.
Jo 19,1; Mt 27,24; Mc 15,15; Lc 23,24
7. Jesus carrega a Cruz
Lc 22,26; Mt 27,31; Mc 15,20; Jo 19,16
8. Jesus e Simão Cirineu
Lc 22,26; Mt 27,32; Mc 15,21
9. O encontro de Jesus com as mulheres de Jerusalém
Lc 22,27; Mt 27,33
10. A crucificação de Jesus
Jo 19,18; Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,33
11. Jesus e o bom ladrão
Lc 23,35; Mt 27,39; Mc 15,29; Lc 23,35
12. Maria Santíssima e o Apóstolo João ao pé da Cruz de Jesus
Jo 19,25-27
13. A morte de Jesus
Mt 27,45; Mc 15,33; Lc 23,44; Jo 19,28
14. Jesus deposto no sepulcro
Mc 15,42; Mt 27,57; Lc 23,50; Jo 19,38
Título sobre nossa Senhora do Perpétuo do Socorro
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um título conferido a Maria, mãe de Jesus, representada em um ícone de estilo bizantino. Na Igreja Ortodoxa é conhecida como Mãe de Deus da Paixão, ou ainda, a Virgem da Paixão.
Um ícone célebre é venerado desde 1865 em Roma, na igreja de Santo Afonso, dos redentoristas, na Via Merulana. Tendo vindo da ilha de Creta e estado antes na Igreja de S. Mateus, igualmente em Roma, onde tinha sido solenemente entronizado no ano de 1499, e do qual se contam muitos milagres e histórias[1].
A tipologia da Mãe de Deus da Paixão está presente no repertório da pintura bizantina desde, no mínimo, o século XII, apesar de rara. No século XV, esta composição que prefigura a paixão de Jesus, é difundida em um grande número de ícones.
Andreas Ritzos, pintor grego do século XV, realizou as mais belas pinturas neste tema. Por esta razão, muitos lhe atribuem este tipo iconográfico. Na verdade a tipologia é bizantina, e quase acadêmica a execução do rígido panejamento das vestes; mas é certamente novo o movimento oposto e assustado do menino, de cujo pé lhe cai a sandália, e ainda a comovente ternura do rosto da mãe.
O ícone é uma variante do tipo hodigítria cuja representação clássica é Maria em posição frontal, num braço ela porta Jesus que abençoa e, com o outro, o aponta para quem, olha para o quadro, aludindo no gesto à frase é ele o caminho.
Na representação da Virgem da Paixão, os arcanjos Gabriel e Miguel , na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da paixão. Um dos arcanjos segura a cruz e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (Jo 19,29).
Ao ver estes instrumentos, o menino se assusta e agarra-se à mãe, enquanto uma sandália lhe cai do pé.
Sobre as figuras no retrato, estão algumas letras gregas. As letras IC XC são a abreviatura do nome Jesus Cristo e MP ØY são a abreviatura de Mãe de Deus. As letras que estão abaixo dos arcanjos correspondem à abreviatura de seus nomes.


Mártires
O C e n á r i o H i s t ó r i c o
Guerras e negócios
Invasão do Nordeste brasileiro pelos holandeses teve motivações políticas e objetivos econômicos
O pano de fundo histórico para os massacres dos colonos portugueses na capitania do Rio Grande, em 1645, foi a ocupação holandesa de boa parte do Nordeste brasileiro. A invasão, iniciada em 1624 com a ocupação de Salvador, na Bahia, teve motivações políticas e objetivos econômicos. O expansionismo holandês no século XV fazia parte da redistribuição de poder entre as nações da Europa. Impulsionada pela atividade de banqueiros e comerciantes, pela filosofia empreendedora do Iluminismo e pela guerra de independência contra a dinastia dos Habsburgos, que ocupava o torno da Espanha, a Holanda disputava um lugar entre as superpotências da época.
Portugal e Espanha, unidas sob um mesmo trono desde 1580, eram donas das maiores porções do Novo Mundo e do comércio entre a Europa, África e Ásia, mas já mostravam sinais de decadência após o esforço desprendido para as grandes navegações das descobertas nos séculos XIII e XIV.
Endinheirada, a sociedade holandesa da época desenvolvia novos estilos nas artes, inovava nas técnicas e pesquisava nas ciências. Adeptos das religiões protestantes de Lutero e Calvino, nascidas do movimento da Reforma, os holandeses não discriminavam os judeus tanto quanto os países católicos. Com isso, receberam refugiados, capitais financeiros e conhecimentos com os quais subsidiaram as operações de conquistas além-mar.
Atacar as colonias espanholas no além-mar constituia um objetivo estratégico. Mas, também havia a perspectiva de lucros. Mercadores e banqueiros holandeses criaram em 1621 a Companhia das Índias Ocidentais, uma empresa privada que recebeu do governo da Holanda o monopólio do comércio, navegação e conquista em toda a área entre a Terra Nova (atual norte dos EUA) e o Estreito de Magalhães (atual sul da Argentina), de um lado do Atlântico, e toda a costa oeste africana.
O Nordeste brasileiro foi escolhido como alvo porque, uma vez conqusitado, ofereceria bases a partir das quias a forta holandesa poderia prejudicar as rotas comerciais da cana de açucar, abastecido pelo Brasil, e de prata, suprido pelas minas do Peru. As contas feitas pela companhia, para a invasão do nordeste brasileiro, mostravam que a campanha ciustaria 2,5 milhões de florins. Eperava-se que a nova colonia renderia, por ano, oito milhões de florins.
Em Uruaçu, massacre eliminou os líderes locais para evitar que levante chegasse ao Rio Grande do Norte
A notícia do massacre em Cunhaú espalhou-se rápido entre os colonos luso-brasileiros do Rio Grande. Em Natal, mesmo suspeitando da conivência do governo holandês com o crime, alguns moradores influentes, liderados pelo padre Ambrósio Francisco Ferro, pediram abrigo no Castelo de Keulen. A princípio foram recebidos como hóspedes.
Outros, que não foram ao castelo, ergueram um paliçada para forticar a localidade conhecida como Potengi, distante cerca de três léguas (18 km) do Castelo de Keulen, às margens do rio Jundiái. O número de moradores refugiados na paliçada passava é incerto. Cronistas portugueses falam em “70 homens”. Documentos holandeses citam 232 pessoas.
O terror aumentava a medida que chegavam notícias da marcha dos tapuias e potiguares, junto com o grupo de Jacob Rabbí, por vários localidades entre o Rio Grande e Paraíba. Os colonos juntaram armas e mantimentos para resistirem a um possível ataque e cerco dos índios e holandeses.
Alguns cronistas atribuem à vontade pessoal de Jacob Rabbí a ordem de ataque ao arraiá do Potengi. A lógica da guerra mostra que foi o próprio conselho holandês quem deve ter determinado o ataque que acabou no segundo massacre de colonos luso-brasileiros no Rio Grande. Uma paliçada, com homens em armas e prontos para a resistência, não deve ter parecido nada amistoso aos holandeses que já começavam a perder terreno para revoltosos, com táticas semelhantes, em Pernambuco.
Pesquisando nos arquivos de Haia para a causa da postulação dos martíres, monsenhor Francisco de Assis, encontrou documentos que provam a conivência do governo holandês. A reconstituição dos fatos, com base em documentos portugueses e flamengos, mostram que o cerco a paliçada do Potengi durou 16 dias. Foi iniciada em setembro pelo grupo de Jacob Rabbí e, depois, contou com reforços enviados pelo Castelo de Keulen, incluindo duas peças de artilharia. O bombardeio forçou a rendição dos luso-brasileiros.
Ocupada a paliçada do Potengi, os holandeses levaram cinco reféns para o Castelo de Keulen. Os demais colonos ficaram confinados a paliçada, mas já não tinham muitas esperanças sobre o que poderia acontecer. Diogo Lopes Santiago (Historia da Guera de Pernambuco) e Manuel Calado do Salvador (O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade) contam que o clima entre os refugiados era de “intensa religiosidade”, fazendo-se penitências e procissões.
No Castelo de Keulen, aguardava-se a visita de um emissário do Alto e Secreto Conselho do Recife, Adriaen van Bullestrate, que deveria inspecionar o que acontecia no Rio Grande. No dia 2 de outubro chegou uma lancha ao castelo, com uma mensagem do conselho. Os historiadores consideram que era a ordem para executar os principais líderes dos colonos, desestimulando a revolta em terras do Rio Grande.
Não há comprovação dessa ordem, em outros registros históricos, mas o fato é que no dia seguinte – 03 de outubro – os 12 colonos que estavam no castelo são levados em botes para o porto de Uruaçu e executados. À morte deles, segue-se a chacina dos que estavam refugiados em Potengi, depois de terem sido retirados da paliçada e levados para o mesmo porto.
Perfis da fé e do ódio
Dados biográficos são imprecisos pela falta de registros sobre a população do século XVII nas colônias
Os nomes das vítimas de Cunhaú e Uruaçu constam de várias crônicas portuguesas do século XVII sobre a guerra contra os holandeses em Pernambuco. As três principais, nas quais o monsenhor Francisco de Assis Pereira baseou-se para elaborar a lista dos 30 mártires propostos para a beatificação, são as crônicas de Frei Manuel Calado do Salvador (in O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade, de 1648), Diogo Lopes Santiago (in História da Guerra de Pernambuco) e Frei Rafael de Jesus (in Castrioto Lusitano, de 1679).
Abaixo, relação completa dos mártires, com detalhes biográficos de alguns.
Biografias
Padre André de Soveral
O sacerdote é um dos dois brasileiros incluídos na lista para a beatificação. Nasceu em São Vicente, litoral paulsita, em 1572. Como missionário jesuíta catequizou os índios no Nordeste do Brasil. Depois, já no Clero diocesano, foi pároco de Cunhaú, onde foi morto durante a missa com mais 69 fiéis.
Domingos de Carvalho
Além do padre André de Soveral, é o único dos fiéis mortos em Cunháu, identificado com segurança. Não há informações sobre seus afazeres, mas no corpo foram encontradas moedas de ouro, sinal de que devia ser algum mercado próspero. Há dúvidas se foi morto na capela ou na casa do engenho.
Padre Ambrósio Francisco Ferro
Português dos Açores, foi nomeado vigário do Rio Grande em 1636. Refugiou-se na Fortaleza dos Reis Magos (Castelo de Keulen), após o massacre de Cunháu, junto com mais cinco principais da cidade. Foi levado para a morte em Uruaçu.
Antônio Vilela Cid
Fidalgo, nascido em Castela, Espanha, veio para o Rio Grande em 1613 para assumir por ordens do rei Felipe II o cargo de capitão-mor. Nâo se sabe porque não exerceu a função, mas em 1620 era juiz ordinário em Natal. Casou com Dona Inês Duarte, irmão do padre Ambrósio Francisco Ferro. Acusado pelo chefe Janduí de ter sido cúmplice na morte de um holandês, na capitania do Ceará, foi preso no Castelo de Keulen por suspeita de conspiração.
Missionário divulga mártires na América Latina
A história dos mártires de Cunhaú e Uruaçu já está sendo contada a outras comunidades católicas ao redor do mundo. O missionário da Virgem de Guadalupe, Josivaldo Trajano Duarte, 23 anos, é devoto dos mártires e vem realizando um de divulgação da vida dos futuros beatos. Ele já proferiu palestras sobre os mártires para fiéis de toda América Latina. Na Argentina, contou com um público ouvinte de três mil pessoas.
As viagens pelo continente fazem parte do trabalho de missionário. Josivaldo mora na comunidade de Piquiri, município de Canguaretama, e ingressou no trabalho missionário quando tinha 13 anos de idade. Foi nesta época que ele começou a visitar os enfermos e se preocupar com os mais humildes.
Através da fé pelos mártires ele garante já ter alcançado um milagre. Há quatro meses, o missionário foi atropelado por um caminhão, no Paraguai. “Fiquei debaixo do veículo. Durante 40 dias não pude andar”, lembra. No momento do acidente, Josivaldo afirma ter lembrado dos mártires do Rio Grande do Norte e atribui a esse detalhe que possibilitou a recuperação total diante dos ferimentos recebidos no acidente
Todos os domingos, o missionário participa da missa na capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú. Nas missões pela América Latina, ele conta a história dos mártires norte-rio-grandenses. “Disse ao reitor de um santuário na Argentina e depois ele comentou para um público de mais de 13 mil pessoas”, destaca Josivaldo. O missionário cita os fiéis argentinos, paraguaios, chilenos e colombianos como os mais receptivos para a história do martírio de Uruaçu e Cunhaú.

